labirinto
Filme em arquivo digital
35 min. COR. MP4
2020
El Mensajero (página I)
texto datilografado
20cm X 30cm
2015
intervalos
andré severo e maria helena bernardes
instalação
02 telas - loops
série fotográfica 09 imagens
série fotográfica 16 imagens
intervalo I - arroio dilúvio
filme digital
60 minutos
4:3 - cor - som
2002
intervalo I - arroio dilúvio
série fotográfica
09 imagens
dimensões variadas
intervalo II - arroio duro
filme digital
60 minutos
4:3 - cor - som
2002
intervalo II - arroio duro
série fotográfica
16 imagens
dimensões variadas
Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul
Composta por dois filmes e por duas séries fotográficas, Intervalos reúne registros fotográficos e audiovisuais de caminhadas realizadas por André Severo e Maria Helena Bernardes nas águas do Arroio Dilúvio, (Porto Alegre, 2002) e do Arroio Duro, (Camaquã, 2003).
Sublinhando um momento dominado por sentimentos conflitivos – entre a urgência de inaugurar uma nova identidade como artistas e o temor de mergulhar em um processo que poderia levá-los ao isolamento e à incomunicabilidade – as duas caminhadas entre margens contribuíram para compreender e afirmar o que os artistas definiriam como "estado de trânsito" — núcleo poético e existencial que nortearia as ações de Areal dali em diante.
A ação no Arroio Dilúvio – fluxo canalizado que corta a cidade de Porto Alegre no sentido Leste-Oeste, escoando toda a sorte de dejetos – foi documentada em vídeo e em fotografias por Paula Krause, em agosto de 2002. Em sua origem, a caminhada no Arroio Dilúvio foi motivada por um impulso antes catártico do que poético, investida de um caráter antes negativo do que assertivo. Porém, os primeiros passos nas águas opacas do arroio (ou a imagem desses passos, seu poder icônico) desvelam dimensões poéticas, existenciais, políticas, intuitivas e prosaicas, tudo a um só tempo. Realizada antes de ser racionalizada, desejada antes de ser nomeada, a caminhada no Dilúvio marcou o início de Areal como uma espécie de talismã, de pensamento-ação sem forma, sinalizando que ações artísticas podem abrir-se em vários braços e que um trabalho pode ser conhecido por pessoas diferentes, através de meios diferentes, por nomes diferentes e em condições sociais, espaciais e temporais diferentes; que um gesto poético pode conservar sua potência e afetar outras pessoas mesmo na ausência da palavra arte.
A caminhada no leito do Arroio Duro, em Camaquã, foi filmada por Alexandre Moreira e registrada em fotografias por Paula Krause e Denise Gadelha, em junho de 2003. O estímulo para a ação foi a descoberta, na cidade de Camaquã, de uma situação aparentada com a do Arroio Dilúvio, ou seja, a emergência de uma “segunda natureza”: um curso de água doce transformado pelas necessidades humanas. Sem o ímpeto catártico da caminhada no Dilúvio, a ação no Arroio Duro foi marcada pelo desfrute de possibilidades inauguradas na ação anterior e, também, por uma maior atenção às imagens que poderia gerar. O filme mostra André Severo e Maria Helena Bernardes caminhando e conversando no leito do riacho, cujas águas servem à irrigação de fazendas de arroz, em Camaquã, e têm seu nível regulado por válvulas e comportas. O anoitecer é agitado por transeuntes apressados e caminhões que fazem tremer a ponte sobre as águas. Lá embaixo, indiferente ao vai e vem da vida, um encontro transcorre serenamente entre as margens.