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Eis que agora os homens trocam entre si palavras como se fossem ídolos invisíveis, forjando nelas apenas uma moeda: acabaremos um dia mudos de tanto comunicar; nos tornaremos enfim iguais aos animais, pois os animais nunca falaram mas sempre comunicaram, muito muito bem. Só o mistério de falar nos separava deles. No final, nos tornaremos animais: domados pelas imagens, emburrecidos pela troca de tudo, regredidos a comedores do mundo e a matéria para a morte. O fim da  história é sem fala.

ABERTO

Sem título (Vídeo I)

Vídeo em arquivo digital

 

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Sem título (Fotografia I)

 

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Sem título (Fotografia - díptico - I)

 

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Sem título (Vídeo II)

Vídeo em arquivo digital

 

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Sem título (Fotografia II)

 

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Sem título (Fotografia - tríptico - I)

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Sem título (Vídeo III)

Vídeo em arquivo digital

 

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Sem título (Fotografia III)

 

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Sem título (Fotografia - díptico - II)

 

Esqueçam o ritmo. Procurem não ter consciência de seus corpos. Renunciem ao solo. Perdam seus músculos. Parem de treinar. Não obedeçam à música. Já não se vinculem mais com nada. Pense em nascer, isso é o essencial. Parem, repentinamente, com todo  todo o peso no chão, como o fazem os animais na floresta. Apoiem-se na dor humilhada do chão. Em seguida, entreguem-se ao movimento que surge. Um movimento de vaca no campo levanta sua cabeça, muge. Um movimento de mosca negra no vidro solta, zumbe, se vai, colide novamente, de repente traça um imenso circuito no ar do lugar. Um movimento de peixe abre a boca na água negra silenciosa por onde passa, por onde morde, por onde engole. Virem-se o pescoço do bisonte que de repente se volta para a parede do poço de Lascaux e expande toda a sua respiração na noite perpétua da origem dos homens que estão pintando seu nascimento no escuro flanco da montanha. Retornem o movimento que tenta fazer a velha camponesa japonesa que se levanta em cima do tatâmi, gemendo pela maciez que sente em seus joelhos. Explorem esse movimento com a maior torpeza possível, ou seja, com a mesma dificuldade que ela sente. Apenas a torpeza é natal. Da mesma maneira que Klee, destro, em seu atelier em Berna, forçou-se a desenhar com a mão esquerda, coloquem dolorosamente o joelho ferido no chão, coloquem diante de vocês ambas as mãos com as palmas delas voltadas para baixo na poeira e puxem, puxem com seus dedos, arrastem seu traseiro, avancem de quatro para a luz que está diante de seus olhos e que não é mais do que a explosão ardente de uma estrela na noite continua. A beleza está ligada à torpeza da origem. O primeiro passo da criança é um passo que tropeça, que titubeia, e é o passo mais lindo que pode haver no mundo sublunar onde sobrevivem como podem os filhos dos mortais.

ABERTO

Sem título (Vídeo IV)

Vídeo em arquivo digital

 

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Sem título (Fotografia IV)

 

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Sem título (Fotografia - díptico - III)

 

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Sem título (Fotografia V)

 

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Sem título (Vídeo V)

Vídeo em arquivo digital

 

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Sem título (Fotografia VI)

 

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Sem título (Fotografia VII)

 

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Sem título (Fotografia VIII)

 

Se a humanidade que tomou para si o mandato de gestão integral da própria animalidade é ainda humana, no sentido daquela máquina antropológica que, decidindo a cada vez acerca do homem e do animal, produzia a “humanitas”, nem é claro se o bem-estar de uma vida que não se sabe mais reconhecer como humana ou animal pode ser sentido como gratificante. Decerto, na perspectiva de Heidegger, uma tal humanidade não possui mais forma do manter-se aberto ao indesvelado do animal, mas procura acima de tudo abrir e assegurar, em qualquer âmbito, o não-aberto e, com isso, se fecha à sua própria abertura, esquece sua “humanitas” e faz do ser o seu desinibidor específico. A humanização integral do animal coincide com uma animalização integral do homem

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