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LABIRINTO[EL MENSAJERO}

ANDRÉ SEVERO

GALERIA BOLSA DE ARTE DE SÃO PAULO

Bolsa de Arte - São Paulo
Rua Mourato Coelho, 790

Vila Madalena, São Paulo-SP - CEP 05417-001

Tel +55 11 30979673 / 38127137
saopaulo@bolsadearte.com.br

VISITAÇÃO

setembro a 23 novembro de 2021

Segunda a Sexta das 10h00 às 19h00
Sábado das 11h00 às 17h00

 

 

Labirinto adjacente: espaço compreendido entre limites; ambiente de difícil imaginação; amplitude situada na parte de dentro; retrato de uma sensação na ausência da causa que a produziu. Nas entranhas do sensível, onde muitas vezes a luz quase não chega e os ruídos do mundo exterior não ressoam como algo mais do que um murmúrio – um tremor inconstante e quase inaudível –, as convicções frequentemente resvalam e as incertezas invariavelmente despontam. Terreno tropologicamente situado em oposição ao que está na parte de fora, o sensível é, efetivamente, uma construção com muitas passagens (cada uma com infinitas divisões e subdivisões) dispostas de maneira transversal e, por vezes, tão confusamente edificadas que, uma vez que nos encontremos lá dentro, somente com dificuldade nos será possível encontrar uma saída. Nos meandros da imagem tudo está em contato com tudo, tudo afeta tudo, tudo se vincula com tudo; complicação diagonal que perturba constantemente o espírito, nos enredos do sensível tudo vibra o tempo todo, tudo fala o tempo todo, tudo escuta o tempo todo, tudo sente o tempo todo, tudo revela, tudo absorve, tudo vive e tudo morre o tempo todo – e tudo isso ocorre de maneiras absolutamente distintas de como essas coisas acontecem fora da topologia paraconsistente da imagem. Abertos à circulação tanto do espírito quanto da matéria, os caminhos entrelaçados do sensível se configuram (sempre abruptamente, sempre de maneira inesperada, sempre de modo insopitável) para nos proporcionar novas e distintas maneiras de nos misturarmos com o mundo e de permitirmos ao mundo que se misture dentro de nós. No labiríntico da imagem, todos os elementos estão a um só tempo combinados – ainda que não necessariamente reconhecíveis –, unidos pela forma, pela substância, pela contiguidade, pela atmosfera. Propínquo cortado por passagens inadvertidamente inextricáveis, o desenho – ou traçado – da imagem emula a topografia reversível do instante e favorece o desencontro; âmbito da intimidade e da imediatez, a gênese da imagem atinge sempre uma intensidade inacessível: uma vez vislumbrado, o sensível eclode e jamais para de se desenvolver e crescer, jamais para de construir novas passagens, revelar novas adjacências, produzir novas frações de um  espaço-tempo em eterna metamorfose. O que impele a gestação da imagem, o que impulsiona a instauração do sensível, não é (nem jamais poderia ser) nenhum porto seguro de interpretações – ou mesmo algo que se poderia asseverar que está efetivamente ali –, tampouco é algo legível (ou visível) e, efetivamente, nunca é algo que se mostra evidente na própria imagem – a não ser como qualquer coisa de contingente, como algo pendente, quase a ocorrer. Quiasma formal composto por camadas ao mesmo tempo objetivas e subjetivas, não estanques e evocativas, o sensível não pode ser propriamente localizado nem aqui, nem lá, nem além, nem aquém do momento exato de sua apreensão – mas constitui, precisamente, este espaço entre realidades, essa contiguidade imanente que mantém a imagem em estado de suspensão, em circunstância de eterna iminência contextual: labirinto adjacente.

 

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